sentir-se em casa

O melhor de viver em turnê é ter a chance de conhecer culturas e lugares incríveis. Por outro lado temos os aspectos negativos, e um deles é a falta do "sentir-se em casa". Sabe aquelas coisas simples e tão cotidianas, tipo:  saber onde ir se queres comer aquela comidinha especial, saber que aquela padaria tem pãozinho quentinho em tal hora, saber pra quem ligar se o cano estoura, saber o nome das ruas de onde vives, saber falar a língua local, ter uma costureira de confiança, um dentista, uma ginecologista... e assim por diante.

Eu não tinha me dado conta do quanto nossa mente acaba criando estratégias para que possamos desfrutar um pouco deste sentimento, mesmo não estando "em casa". Algumas delas: tentar freqüentar o mesmo supermercado, alguns restaurantes próximo ao hotel, conversar com os quitandeiros, as donas da padaria e mercadinhos (eles têm sempre ótimas dicas!). 

Seul é uma cidade especial. Uma metrópole pesada, com milhões de pessoas pelas ruas, cada um vidrado no seu celular e as caras fechadas para os estrangeiros. Não são de muitos sorrisos e adoram empurrar os outros no metro. Arrisco-me a dizer que isso deveria virar esporte nacional: "Empurrão de pessoas à distância".
O "sentir-se em casa" aqui é quase impossível! A tia da quitanda, a caixa do supermercado, a dona da padaria, não falam inglês e tampouco tentam se comunicar com a gente. Eles ficam muito nervosos por não saberem a língua. O resultado é: comunicação zero.Claro que não são todos, mas a maioria.
Aos poucos a gente tenta encontrar uma maneira de se comunicar com eles, porque sim, precisamos em algum momento nos sentir em casa.

Uma maneira que encontramos foi ir na churrascaria brasileira toda semana. Não costumamos fazer isso porque adoramos provar comida local, mas a falta de comunicação tem sido tão difícil, que nos resultou buscar um lugar onde alguém nos entendesse. Lá nos sentimos em casa, conhecemos todo mundo e eles nos conhecem!

Lembro que um dia cheguei e a dona (uma coreana) me perguntou "Vais querer TUA coca zero?". Eu olhei pra ela com aqueles olhos brilhando de criança e, sorrindo, disse: "Sim, eu quero". Depois o garçom venho com a carne e falou "Mal-passada, né?". Pronto, outra vez meus olhos saltaram: "Sim, sim!" Isso é “sentir-se em casa”! Com os brasileiros é sempre mais fácil, mas a dona que me surpreendeu!

Mas minha maior surpresa aqui aconteceu essa semana, na verdade, duas surpresas. A primeira em um restaurante que como três vezes por semana. Eu cheguei, pedi meu noodles e eles trouxeram junto uma porção de dumplings. Eles não falam uma palavra em inglês, e eu tentei dizer "não, eu não pedi isso", e ele fazia cara de quem me oferecia. Eu aceitei e comi, pensando: "qualquer coisa eu pago no final". Primeira surpresa: era realmente um brinde! Por eu comer sempre ali, eles me ofertaram! Outra vez, saí do restaurante com o mesmo sentimento! Ai que delícia!

A segunda situação foi num bar onde como sushi. Eles sempre trazem os rolinhos com um pouquinho de molho de soja. Toda vez eu peço mais molho. A última vez que fui a garçonete largou a bandeja na mesa e, antes que eu pedisse, ela apontou para o pratinho do molho e disse (eu acho, porque era em coreano) "peraí que já vou trazer teu molhinho". Ai que coisa boa isso!! Ela fez carinha de vó quando sabe o que a neta gosta! Ela e eu ficamos sorrindo uma pra outra como quem diz: "agora já nos conhecemos bem!". 

Está semana foi de surpresa nos restaurantes coreanos. Esses pequenos atos de reconhecimento do outro me fizeram mudar minha visão quanto a essa cultura. Também ajudou a aliviar a interminável angústia de querer ir embora daqui. Depois de quase três meses, partimos na quarta.

Hoje falei pro Fabri: "Tu notaste que há uma semana a cidade está menos barulhenta, menos pessoas nas ruas e mais calma?"
Ele disse que não. 
E eu acho que sim. Quem sabe por que eu, por estes dois pequenos atos (que me surpreenderam) estou finalmente, me sentindo em casa. 
Não confortável, porque é difícil se sentir confortável aqui, mas já posso reconhecer e ser reconhecida.

Coisas da vida louca que temos. Sentimentos que se mesclam com nossas constantes mudanças de cidade e incessante adaptação a tudo.
Mas os olhares e gestos dos dumplings e do molhinho me mostraram que tem muito a descobrir por aqui!
É a vida, nos surpreendendo a cada instante!

Devaneio

O bom é que além de fugir com o circo, posso fugir com minha imaginação.
Ela alimenta e dá brilho a meus pensamentos e esperança.

DEVANEIO...

de dentro pra fora


evolução
crescimento
abertura
transformação
camadas

Ninguém, nunca, será capaz de acabar com minha capacidade de evolução e criatividade.
São elas que me permitem voar.
Mesmo aqueles que tentam bloquear meu caminho... Estes nos dão a oportunidade de crescer, mas para o outro lado, longe deles. Obrigada por me despistarem!
Assim vôo tranqüila, e evoluo em paz!
E não é que tudo tem sempre um lado positivo?
Pois sim!

E os meus amigos, cadê?


Como é difícil ficar do lado do bem. Algumas vezes temos a certeza de estarmos sendo testados pelo outro lado (seja o capeta, seja o demônio, seja o que você acredita que é o "mal". Eu acredito na energia negativa).

Às vezes parece mais fácil ser filho da puta, às vezes parece mais fácil ganhar em cima da ingenuidade dos outros, às vezes parece mais fácil dar uma de esperto, às vezes parece mais fácil fazer parte da máfia.

É tão difícil tentar fazer as coisas pelo lado correto. É tão difícil tentar fazer a vida seguir seu curso normal. Tem sempre um idiota tentando cavar um buraco para te fazer cair. E confesso para vocês uma coisa, com a vida no circo isso tudo fica mais difícil, porque uma vez que nos deparamos com idiotas, não temos muito para onde fugir, eles estarão sempre lá, perto de você.

Conviver com estas pessoas é um aprendizado constante. Quando tudo vai bem, é muito fácil fazer de conta que eles não existem, mas quando eles tentam cantar de galo no nosso terreno, é difícil segurar a raiva. Mas de uma coisa estou certa, eles podem tirar minha paciência, mas eles nunca poderão tirar minha capacidade criativa e minha alegria e certeza de ser uma pessoa do bem.

Estou me deparando com uma situação nova. A "não confiança". Não saber em quem confiar não saber com quem contar, cair no conto dos outros, ver grupos agindo com atitudes baixas e covardes. Muito covardes. Sabe aquela frase: “a ocasião faz o ladrão”. Pois aqui o ladrão também faz a ocasião. As pessoas têm criado situações para favorecer seus grupos e está ridículo ver isso de perto.

O pior é saber que estou sozinha para encarar tudo isso. Nao faço parte de um lado ou de outro.

by Fabi. Quadro: Jimmy Spa. Taipei
Sinto, mais do que nunca, falta de minhas/o amigas/o, falta daquelas pessoas que sabemos que podemos confiar e ligar a qualquer momento. Mas elas não têm idéia do quanto sinto falta delas. Porque parece que para os outros a minha vida fica resumida ao "fantástico mundo das viagens". Se elas/eles soubessem o quanto penso nelas/o e quanto sinto falta delas/o todos os dias (na alegria e na tristeza). Quantas vezes sinto vontade de pegar o celular, ligar para uma delas/o e desabafar, chorar, rir como uma criança, marcar uma ceva!

O circo não nos permite criar raízes, por causa das constantes mudanças. Não é a mesma coisa que morar fora do país em outra cidade. Aqui temos amigos rápidos, que muitas vezes marcam profundamente! Mas não temos aqueles que olham para nós e dizem: “o que aconteceu? Tua cara não tá boa?” Não temos aqueles que ligam e perguntam: “você está melhor?”

A sorte é que conheci uma pessoa incrível que tenho confiado todas as minhas angústias e segredos: Eu. Pela impossibilidade de fugir de mim mesma tive de encarar a Fabi como nunca encarei antes. E tenho gostado muito da presença dela, e me orgulhado muito também. A turnê “me obrigou” a análise constante de meus atos e minhas atitudes, sem ter a chance de perguntar para os outros o que eles acham. Já não dependo da opinião de ninguém, e isso é positivo. Mas continuo e sempre continuarei, sentindo falta de minhas/o amigas/o.

Uma vez o Fabri disse que quando começamos a andar pelo mundo, duas coisas são inevitáveis: a primeira é que vamos estar sempre conhecendo pessoas incríveis por todas as partes. E a segunda (conseqüência da primeira) é que, em qualquer parte do mundo que estivermos, estaremos sempre com saudade de alguém. É, é verdade.

estranho

É ligeiramente estranho falar "boa noite" aqui e pensar que o Brasil... está recém acordando.


FS: Foto e Texto: Fabi. Quadro de um artista de Taipei

a cidade que complica

Olha como funciona nossa vida. Lembra que estamos sempre viajando e constantemente em adaptaçao? Pois sim, tudo é sempre novo. Quando estamos em um local em que a cultura é amigável e solidária nossa vida fica 70% mais fácil. Agora, quando estamos em um lugar onde as pessoas olham pra ti com cara de estranha e, de certa maneira, discriminam... Aí a coisa complica. 

Dia desses precisei ir a Embaixada do Brasil, aqui em Seul, para autenticar alguns documentos. Ok, até aí tranqüilo. Agora a pergunta: O que uma pessoa em uma situação normal faria? Resposta: Pegaria seus documentos, procuraria o endereço da embaixada, escolheria o melhor meio de transporte e chegaria à Embaixada feliz para autenticar seus documentos! Claro que sim, fácil!

É fácil, mas se estamos em Seul, tudo complica. Por quê? Porque para TUDO, absolutamente TUDO se gasta, no mínimo, o dobro de energia. Começando pelo ponto que quase ninguém fala inglês. Logo: buscar o endereço da embaixada é tarefa fácil, uma vez que o site tem opção em português. Liguei para lá e perguntei a estação de metro mais próxima: "não entendi, pode repetir senhora? Desculpa, não entendi de novo, podes repetir?" Não. Não deu para entender o nome da estação e no site não havia mapa. 
Metro Seul, quer mais complicado?

Ok, vamos para o Google mapas, não existe melhor para nós que o Google mapas, fácil de se localizar! Só que o problema é que para encontrar uma localização aqui, tens que escrever o endereço em coreano, e se tens o endereço em coreano, tens que saber decifrar o mapa que aparecerá todinho, nessa língua!

Bom, falamos com o recepcionista do hotel, para que ajudem. Peguei os documentos e, com muita calma, comecei a explicar o que necessitava. Eles têm inglês entre básico e intermediário, tentam ajudar, mas muitas vezes não entendem o que falamos, e se confundem com tudo que tentamos explicar! Pedi para que escrevesse num papel a seguinte frase em coreano: Preciso ir para Embaixada Brasileira e este é o endereço: xxxxx. Assim eu poderia mostrar para um taxista o que necessitava. 

Peguei meus documentos, o papelzinho com o escrito, o papel com o mapa em coreano e fui para estação de metro. O metro aqui é um absurdo, as pessoas te empurram forte, não são nada simpáticas e mega egocêntricas. Depois de 40 minutos chego à estação mais próxima e saio correndo para buscar um táxi. Claro: porque gastei muito tempo explicando para o pessoal da recepção o que necessitava, assim que fiquei com menos tempo para fazer tudo.

Tento pegar o primeiro táxi, o taxista diz que para ir para aquele endereço ele precisaria ir para o outro lado, que não era o lado que ele estava indo (e porque não dá a volta?). O segundo taxista olha o papel, o mapa e diz que não sabe onde fica!! Ele tinha GPS, era só colocar o endereço ali e pronto!! Mas não, eles não colocam o endereço no GPS, dizem que não sabem, e deu! O terceiro taxista olhou o mapa, olhou o bilhete com a explicação e começou a andar para o lado contrário!! Nessas alturas faltavam 15 minutos para embaixada fechar!! Aí comecei a gritar e apontar com a mão para o outro lado dizendo: "tututututututututu"  Praticamente fluente em coreano, hahah!!

Meu coração saía pela boca, eu tinha que entregar aqueles documentos naquele dia, tinha prazo!! Já havia gastado duas horas tentando chegar!! Cinco minutos depois o motorista para o carro, colocou o endereço no GPS, e seguiu para embaixada. Consegui chegar 3 minutos antes de fechar!!

Entreguei os documentos e fui ao banco pagar o boleto. Aqui existem poucos caixas eletrônicos internacionais e claro que no banco que fui nao tinha! O guarda me falou que pela área não existia caixa internacional, comecei a contar minhas moedas. Puxando uma dali, uma de lá, fechei o valor!! Depois de 10 minutos buscando moedas em todos os bolsos o guarda olha pra mim e diz: "são mais 1000 wons pelo valor do boleto". PQP!! Quase tive um treco. Graças a minha falta de organização com minhas moedas, encontrei os 1000wons e consegui pagar tudo J

Depois caminhei 30 minutos para encontrar um lugar que pudesse sacar dinheiro, e assim, voltar para casa!! Quase 4 horas depois, estava de volta.

Deu pra sentir o sufoco que nos metemos vez que outra? Quanta energia gasta para algo tão simples... Às vezes é fácil, viu, mas dependendo da cidade pode ser muito difícil!

Vivendo e aprendendo. Bonita frase.

Mas aprendendo todos os dias, todas aquelas coisas que podem ser tão automáticas, cansa um pouco.

Estou mais do que pronta para sair dessa cidade louca! 11 dias e tchau Seul!!!

mudanças corporais

Costumamos morar no máximo dois meses em cada cidade. Nosso corpo necessita, constantemente, adaptar-se a outra temperatura, outro clima, outra cultura, outra maneira de portar-se, outras comidas, outro tudo.

Só nos damos conta disso uma vez que estamos dentro da turnê. É muito difícil adaptar-se a tudo isso, mas uma vez que adaptamos o corpo começa a falar por nós.

Falo isso porque há três semanas eu comecei a ter dificuldade de dormir e comecei a perguntar para as pessoas se estavam dormindo bem. Disseram que nao, que nao estavam.

Pensei o que poderia ser, será o clima? Será o ar muito seco? Será que é o choque cultural? Todos na turnê estão bestas com a falta de respeito dos coreanos, com a quantidade de bêbados na rua (bêbados de terno e gravata), com a quantidade de empurrões que já levamos no metro, com a discrimiçao que sentimos o tempo inteiro por sermos diferente, com a irritante tentativa de pegar um táxi e os taxistas NUNCA saberem onde é o lugar que queremos ir (não importa se temos o endereço em coreano e eles têm GPS, eles dizem que não sabem). Irritados também com aqueles taxistas que pegam o cartão com o endereço para onde vamos e depois de 5 ou 10 minutos andando, param o carro para dizerem que não conhecem a rua.

Tudo aqui está sendo mais difícil. E mais, nosso corpo está acostumado a ficar 2 meses em cada cidade, a tolerar 2 meses coisas que não gostamos e a desfrutar 2 meses coisas que gostamos!

Eu ainda acho que, o grande problema é estarmos aqui há quase três meses, nosso corpo está dizendo: precisas mudar, precisas ir para outro lugar! Já não me acomodo na cama depois dos dois meses (eu e meus amigos), as costas doem, começa a surgir aquela ansiedade da mudança, aquela sensação de que deveria estar fazendo malas, aquela sensação que estou mais tempo que deveria estar nesta cidade.

Lembro-me que logo que comecei a vida nômade, um amigo me disse que estava ansioso, porque estávamos a quase dois meses na mesma cidade! Ele queria para mudar, ir pra outro lugar, não agüentava mais! E eu não entendia essa ansiedade.

Pois agora entendo, e se não me dei conta do porque está tudo mais desconfortável, meu corpo se deu! Estamos precisando mudar de cidade, urgentemente! Três meses é muito tempo numa cidade só!!

Sintomas da turnê que são inevitáveis e incríveis adaptações de nossos corpos!

(isso é só uma hipótese, eu adoraria poder estudar mais sobre)

palhaça profissional

Sempre adorei os palhaços, e aqui temos a sorte de poder conviver com eles.

Um deles, meu querido Joseph, é daqueles que passa 24 horas fazendo palhaçada. Ele tem seus 50 anos, e é um fofo.

DSC_0038Quando nos juntávamos era ótimo, eu e ele falando e fazendo besteira o tempo inteiro, morrendo de rir.
(Quem me conhece sabe como eu sou)

Há um ano atrás, num intervalo entre dois shows, estávamos falando besteira, pra variar, ele olha pra mim sério e pergunta:

- “Tu já pensaste em ser palhaça profissional?”

Eu juro que eu fiquei olhando pra ele durante 10 segundos para ver se isso era uma brincadeira, ou conversa séria!

Fala sério, alguém pensar que tu és tao palhaça que poderia virar palhaça profissional, isso pode ser quase um insulto, hahaha!

E nao é que era sério. Pois quem sabe, um dia.

Tu sabias que o nariz do palhaço representa o coraçao?

Eles expoe seus coraçoes diariamente para o público. Amor na cara.

uma comida coreana

Logo que chegamos em Seul fui provar uma comida típica e bem popular daqui, a "bibimbap". É esse mesmo o nome: "bibimbap", nao ri!! :) (adoro comida exótica, como de tudo!)

Nesse dia eu estava sozinha, passeando num mercado e encontrei um centro de informaçoes turísticas. A moça me indicou uma ruazinha com bons restaurantes locais e onde os cardápios têm foto (essencialmente importante neste país porque tudo está escrito em coreano). Fui para um deles.

Chegando lá tinham umas 5 mesas ocupadas apenas com senhoras coreanas. Elas estavam em duplas, quero dizer, cada mesa tinha duas coreanas amigas com seus 70 anos. Pedi o cardápio com minha incrível linguagem dos sinais e logo venho a comida. O Bibimbap é um mix de muitas coisas. Nessa era: arroz em baixo, e em cima diferentes vegetais separados em suas porções, um molho vermelho no meio e um ovo frito em cima.
Comecei a provar vegetal por vegetal, uns eu gostei, outros não dava para tragar, assim que ótimo, como eles já vinham separados, comia uns e outros não. Fui comendo o ovo e arroz aos pouquinhos. Sinceramente, neste dia meu estômago não estava dos melhores.

De uma hora pra outra as duas senhoras amigas coreanas que estavam do meu lado direito começaram a falar alto, alto e quase gritando. Eu olhei pra elas e, quando vi, elas estavam apontavam para mim e falando com a garçonete. Eu pensei: “que está acontecendo?”. E as senhoras: “ Xing xangô xaxim tai mi pajo xinxim xantem!”.

E eu “que?”. Não deu dez segundos as outras duas amigas coreanas que estavam no meu lado esquerdo, também começaram a falar o : “Xing xangô xaxim tai mi pajo xinxim xantem!” Quero dizer, o mesmo não sei, mas os gestos eram iguais, por isso digo o mesmo.
Não bastando uma das senhorinhas do meu lado esquerdo levantou, veio até o meu lado e começou a fazer uns gestos e a falar coreano! Aí eu comecei a pensar que eu estava fazendo alguma coisa muito errada, porque o restaurante todo olhava pra mim e as senhorinhas falavam comigo como se eu fosse fluente em coreano. Eu com aquele sorriso amarelo não sabia onde me meter.

Eis que chega a garçonete e a senhorinha que estava do meu lado mostra a meu prato de comida pra ela. Eu não sabia mais o que pensar: “o que tem aqui dentro, ai!!” ou “eu estou fazendo alguma coisa que vai contra a cultura deles, só pode ser, o restaurante inteiro está olhando pra mim!!”.

A garçonete olha pra mim, pega os “palitinhos” (talheres) da minha mão, pega meu prato, corta o ovo em pedacinho e mistura todos os ingredientes, com força, para que aquele monte de coisa virasse uma coisa só. Agora, imagina a minha cara de babaca olhando pra ela e pensando “vou ter que comer tudo agora, inclusive aquilo que não gostei?”, foi inevitável.   

Quando ela termina o massacre da minha comida, ela ri pra mim, sai para atender outra mesa. Bem de trás dela estava a senhorinha da esquerda que, com um sorriso de alívio, olha pra mim e fala algo em coreano que só poderia ser: “viu, agora é bem melhor, assim que é para comer, tem que misturar tudo!”.

As duas senhoras da direita também olhando pra mim felizes e repetem a mesma coisa (eu acho) “viu, agora é bem melhor, assim que é para comer, tem que misturar tudo!”...

E eu? Eu olhei pra comida, olhei pras senhorinhas da esquerda, olhei pra comida, olhei pras senhorinhas da direita e, não sabia se chorava ou se ria. Resolvi rir, rir da situação toda que se criou! Rir pras senhorinhas da esquerda e da direita que “tanto me ajudaram” ou pensavam que estavam me ajudando. Mas minha vontade mesmo era de chorar ao pensar que teria que comer aquela coisa toda misturada com aquele molho vermelho picante e os legumes que não tinha gostado. Iéca!!!

A elefanta na TPM

Tailândia!

A Tailândia é um lugar incrível. As ilhas, o recorte das pedras gigantes no meio do mar, a água do mar, as pessoas, o clima, a comida. Tudo é maravilhoso. Confesso que eu e Fabri olhamos umas ofertas de emprego e pensamos, quem sabe ficamos por aqui, hein? 

Koh Lanta
Pois nada. Somos parceiros para viagem, adoramos conhecer outras culturas, provar as comidas mais diferentes, estar pertinho do "outro" para descobrir o novo, o diferente. 

Quando estávamos em Koh Lanta, uma das ilhas, um amigo indicou o passeio nos elefantes, disse para fazermos um em especial, onde entraríamos com os elefantes no mar, na hora do pôr-do-sol. Nós adoramos a idéia! 

Os organizadores do passeio foram nos pegar no hotel, demoraram quase um hora para chegar, mas beleza, estávamos de férias, sem estresse e de frente pro mar. Quando chegaram, montamos na pick-up e fomos ansiosos para andar de elefante!!! Ai que máximo!!! 

Uma hora na pick-up até chegar no lugar. Na ida passamos por cobras e macacos no caminho, juro! Chegando lá vimos a cena mágica! Era realmente lindo ver o elefante dentro do mar com as pessoas, mas nada de sol para acompanhar a cena mágica!

O homem nos chamou e mostrou o elefante que iríamos montar! Era uma elefanta! Num primeiro momento, confesso, fiquei com um pouco de medo, mas... pra que ter medo! Todos estavam se divertindo! Vamos lá. O homem subiu nas escadas, subiu na elefanta e não nos chamou. Eu achei estranho, afinal deveríamos subir para entrar no mar montados. Surpresa: Não! Primeiro a elefanta entra no mar, depois vamos nós nadando até ela e aí sim, lá dentro, montamos. 

Koh Lanta
Por diós!!! Como vocês podem ver, se no primeiro momento eu estava com medo, no segundo momento eu tremia!! Mas mesmo assim... vamos lá, estão todos se divertindo, eu também quero me divertir!! E o homem dizia... vai lá que eu vou tirar foto de vocês na água!!

Beleza. O cara em cima da elefanta começou a direcioná-la para o mar e, cada vez que chegavam perto, ela saia correndo pro lado contrário! Ele começou a alfinetar ela com aquelas coisas de domador e, mesmo assim, ela continuava a fugir da água. Corria pra um lado, corria pro outro, e nada de entrar na água. Bom, neste terceiro momento eu já não cabia mais em mim de tanto medo, e acredito que meu nome já nem era mais Fabiana, eu não me reconhecia no meu próprio corpo! Mas vamos lá, estão todos se divertindo... parara parara parara.... O Fabri me olhava com um olho arregalado e eu disse: "Nao vamos, essa elefanta está na TPM. Lembra de mim na TPM, agora multiplica pelo peso dela e imagina o que ela é capaz de fazer!" 

O Fabri estava com medo também, mas nós dois, incapazes de nos comunicar com o cara fomos entrando no mar, devagar. O outro homem olhava pra gente e dizia sorrindo: vai lá, vai lá, vou tirar a foto de vocês!! Enfim ela entrou, e o cara fazia ela sentar para a gente subir. Eu não conseguia chegar perto. O Fabri, enfim, montou nela. Ela mergulhava e quando levantava atirava o Fabri longe! Deus, me proteja! Lá fui eu. Juro que meu sentimento era de que ela iria me esmagar. Eu sei que eu sou capaz de esmagar alguém na TPM e ela, seria um suspiro dela para o fim de nossas vidas. 

Eu dei um pulo rápido e bum! Lá estava eu montada na elefanta. Quando olhei para trás, o cara que iria tirar nossa foto estava conversando, fumando um cigarri e olhando pro lado. Não tirou a foto, arggggghhh!!! Eu saltei de cima dela e me mandei, enquanto o Fabri quis continuar. Pobre.

O homem que ia tirar as fotos
Quando ela estava saindo da água com os dois em cima, ela saiu numa dispara que só. Quem viu a cena pode entender o que foi. Eu, ainda saindo do mar, coloquei as maos na cabeça e pensei "meu deus, ajuda o Fabri a segurar firme naquele bicho!" Eu fiquei uns 10 segundos com as mãos na cabeça, apavorada e o Fabri troteando de um lado pro outro. Quando chegamos na beira da praia o cara pediu para darmos comida na pode dela, e eu: "ai meu senhor, sabe que..." O cara nao me deixou terminar, pegou o abacaxi, colocou na minha mao e ela jogou a tromba para pegar a comida. "Ai, meus anjos protetores, me ajudem!" 

Ele estava no papel dele, nos empurrando para perto do bicho para tirar foto. "Bem coisa que turista gosta", deveria pensar ele... "vai ali, pega o abacaxi, agora vai do lado dela, agora vai na frente, agora..." 

Eu nao quero mais ficar aqui!!! Socorrrooo!! O Fabri olhou pra mim e eu disse: vamos, pelo amor de Deus! 

Conselho: evite qualquer ser vivo na TPM, elas podem ser perigosas!!

Blog da Lia - Indicando!

A Lia Tansini foi outra grande surpresa que encontrei por aqui. Outra colega que nunca tivemos a chance de estar pertinho, e agora me sinto mais perto dela que de algumas pessoas que convivo diariamente! Quando leio seus escritos a identificação é inevitável. O Universo feminino é amplo, e "ler os pensamentos" de minhas amigas é uma forma de conforto dentro desse doido mundo mulher! Lia escreve com a mesma delicadeza com que fala, fazendo a leitura muito agradável.
Esse mundo blog tem me deixado feliz e, principalmente, tem me feito muito companhia nas horas que gostaria de ter minhas amigas por perto. Pois agora tenho :)


O blog da Lia: http://maisdehora.blogspot.com/

Um beijo querida! Força na peruca!! :)

empacotando a casa!

Empacota tua casa. Vai lá, coloca tudo dentro de malas: roupas, sapatos, sabonete, aqueles cremes que encontraste em promoção e compraste três pelo preço de dois, não esquece do sal, do vinagre, dos temperos, dos potinhos plásticos para colocar a comida no refrigerador, enfim, coloca tudo. Quantas malas terás ao total?

Pois é. Muitas, muitas malas. A primeira coisa que temos que aprender é lidar com a vida nômade. Com empacotar e desempacotar o tempo inteiro. E junto a isso vêm algumas restrições que, para as mulheres, passam a ser sentidas (quase) como uma sacanagem. Por exemplo: aquele xampu que adoras e custa o olho da cara está em promoção. A atitude normal seria comprar uns quatro para economizar, não? Sim, claro que sim.

Além do xampu em promoção, compras o protetor solar que vem com um protetor labial de brinde! Mais, mais!! Duas caixas de cotonete vêm com um pacote de algodão!! Compra tudo!! Cinco sabonetes Dove pelo preço de três!! Ahhhh, que felicidade!! Nãooooo. Pára e pensa. Aonde vais levar tudo isso? Tu vives em uma turnê! Pára com a doença compulsiva do “pague 3 leve 2” porque isso vai te custar caro mais adiante!

Oh, yes. Temos que dizer não as promoções. Temos que dizer não aquelas peças lindas para casa, aqueles lindos tecidos que um dia poderiam vir a ser um lindo vestido: Não e não e não!
Essa é nossa casa empacotada. Faltavam 2 malas!

Vivemos em média 6/8 semanas em uma cidade. Muitas vezes são 6/8 semanas em um país! A coisa é rápida, e quanto mais coisas temos, mais complica nossa própria vida! 

No começo pensávamos que era fácil: se faltar espaço compramos mais uma mala e tudo resolvido. Nessa de pensar tão fácil acabamos com 10 malas!! O mais engraçado é que as pessoas da turnê não se assustam com a quantidade de malas, porque algumas têm 10 ou 13 malas para si só!

As conversas sobre isso são constantes. Escutar o que as pessoas levam, é melhor ainda. No nosso caso levávamos (quando estávamos nos EUA): panela para fazer feijoada, um aparelho para fazer massa caseira, mini batedeira, muitas coisas de cozinha (colheres de pau, temperos, potinhos plástico...) um kit festa (composto de luzes pisca-pisca, alto-falantes, projetor...), kit ginástica (uma bola daquelas grandes de alongamento, DVD´s de yoga, pilates, elásticos...),  além de nossas roupas de invernos e verão, sapatos, violão, teclado, alguns objetos de decoração, aparelho disso, aparelho daquilo... ufaaaa! Enfim, o mínimo para se sentir em casa.

Agora, o pessoal leva as coisas mais engraçadas. Por exemplo: chuveiro. SIM!! Chuveiro!! Tem pessoas que levam sua própria ducha!! Tem galera que leva fantasias para as festas especiais, outros levam seus próprios travesseiros. Tem uma amiga que tem uma mala de quase 30 quilos só com objetos de decoração! Cada 6/8 semanas ela empacota tudo e ao chegar no novo apartamento, arruma tudo outra vez! Tem galera que tem piano! Outros que não vivem sem seus jogos, seus ski´s de esquiar na neve, outros que tem o tudo para jogar golfe... Uma loucura!

Não adianta, no final, o que todos querem é se sentir em casa, em qualquer ponto do mundo. E para isso, cada um tem suas manias e necessidades. Nós, por exemplo, toda cidade que vamos temos um pé de manjericão, essa é apenas uma das coisas que nos deixa mais confortável e dá a impressão de algo bem caseiro e acolhedor! Algo de natural que lembra a família e nossa cultura italiana!

Quanto ao não para as promoções, isso acontece porque para cada coisa que compramos temos que estar atentos ao peso, porque se pesar muito poderemos pagar excesso de bagagem, e isso sim é caro... Bem caro! Ah sim, e outro elemento essencial em turnê é uma balança portátil!

Vou falar muito mais sobre isso, porque é o assunto constante a cada 6/8 semanas! E, praticamente sempre, desagradável! Lembra das músicas:

"Empacota mulata, empacota, empacota to empacotando. To dobrando a minha roupa, a minha casa eu to empacotando sinhá!!!" e outra: "Pára um pouquinho, empacota um pouquinho, 560 km, 560km...!"

hehehehehe

Blog da Andrea - TPM!

Em um mês de mundo blogueiro tive o prazer de encontrar blog´s de amigas, famílias e colegas!

Um dos Blogs que me deixou boca aberta foi de minha colega de faculdade Andrea Beheregaray.

Um queridona, pura simpatia, com aqueles olhos brilhosos de quem quer mais e mais conhecimento, mae de três filhotes lindos! e mais, nem sei se ela sabe isso: cunhada do Rodrigo Seben, meu querido colega de Rosário!

A surpresa foi muito maior ao saber que Andrea é escritora! Livros publicados com assuntos de interesse comum a todas as mulheres! Um deles, que estou louca para ler, é TPM- Crônicas de uma mulher!

Nada como o mundo bogueiro para trocar boas idéias com pessoas criativas e reencontrar queridas colegas que nao tivemos muito tempo para conversas!! Que bom que a encontrei por aqui!


Dá uma conferida lá: http://andreatpm.blogspot.com/

Um beijo! Fabi